segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Quem paga a conta da meia-entrada?

Texto de Leonardo Brant para o Blog Cultura&mercado. Foi públicado em Nov. de 2008 mas ainda vale e muito uma reflexão.
É claro que a meia-entrada para estudantes é uma conquista importante para o país e deve ser mantida. Sabemos, no entanto, que a emissão saiu do controle e que isso afetou o bolso de exibidores e donos de casas de espetáculo que, junto com produtores e artistas, pagam a conta que é de toda a sociedade. Ou repassam um aumento descabido de ingresso para o cidadão que, por ética, se recusa a fazer uma carteira na esquina. Ética que talvez falte ao governo, que mais uma vez se omite, dizendo que o problema não é de sua alçada.
A Comissão de Educação, presidida por Cristovam Buarque (PDT-DF), abrirá nesta terça, 25/11, votação do projeto que regulamenta a meia-entrada. Proposto pelos senadores Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e Flávio Arns (PT-PR), o projeto de lei 188/07 contém itens polêmicos: o principal deles determina a limitação do benefício a 40% das entradas vendidas para shows, peças, filmes, exposições, eventos esportivos e culturais.
Do lado da produção cultural, a reivindicação é por falta de contrapartida do Estado, que concede o benefício mas não compensa o ônus dos empresários do setor cultural; e por fiscalização, pois permite a emissão desenfreada de carteirinhas falsas. O movimento estudantil, por outro lado, briga para manter o benefício, mas admite a necessidade de regulação.
Ambos estão corretos. A regulação e o financiamento da meia-entrada é questão de Estado. O Ministério da Cultura, na semana passada, posicionou-se a favor dessa regulação, mas lavou suas mãos. O Minisro Juca Ferreira disse que o problema não é de sua alçada e jogou a responsabilidade nas costas do legislativo.
Quem você acha que deve pagar a conta da meia-entrada? Como deve ser regulada, por meio de restrição de acesso ou controle de emissão? De quem é a alçada dessa questão?

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

... Sobre o Clube da Luta

Analisando brevemente a historia da arte, a música sempre ficou atrás dos movimentos artísticos como a literatura, a arquitetura e as artes plásticas. Por mais presente que fosse, sua importância não era reconhecida com o mesmo vigor e freqüência dos outros movimentos. Ainda assim, são inúmeras as influências culturais e sociais que a música exerce e sofre ao longo de seu desenvolvimento.
Fazendo uma pequena analogia entre os movimentos artísticos e a evolução da música ao longo dos tempos, nos deparamos com um movimento temporal, datado do ano de 2006 na região de Florianópolis, SC: Analisando este período, percebemos que não ha outros registros artísticos tão significativos quanto o Clube da Luta: uma cooperativa de bandas com músicas próprias. Percebe-se, portanto uma quebra na regra do legado histórico, e pela primeira vez a música toma as rédeas e assume papel prioritário na difusão da arte, na formação de novos públicos.
O que por hora é um movimento, mais tarde tornara-se um fato, um fato histórico, e com o passar dos anos, um clássico.
“Clássico”, na literatura, na arte, na música é uma obra de tal conteúdo de verdade e beleza, de tal atração universal, que pessoas de idades diferentes e diferentes países continuarão a ter vontade de ver, ler ou ouvir, repetidamente, descobrindo nelas, muitas vezes, novas belezas e belezas novas.

Dizem que a música é uma linguagem universal, não precisa de tradução: fala diretamente ao coração e ao espírito através das barreiras de raça ou língua. Ninguém pode falar sobre a música nem a metade do que ela mesma pode falar por si.
Entretanto a música nem sempre fala pelo seu compositor. Mas de um modo geral, ela reflete seu caráter, seu temperamento, o clima predominante de sua alma, ela deixa por dizer necessariamente, muita coisa que poderá ser interessante ou mesmo importante.
A música destes homens foi escrita para ser apreciada. E só há um meio de apreciar esta arte: ouvi-la. A música verdadeiramente grande não é demasiado profunda, complicada ou elevada para ser compreendida por qualquer pessoa dotada de sentimento artístico.
Os maiores prazeres deste mundo nunca irão ao encontro do coração passivo. Nenhum continente desconhecido jamais veio por si mesmo ao encontro do homem: eles só deram seus tesouros àqueles que foram procura-los. Os autores destas músicas deram tudo: o ouvinte também deve dar!!
P. Borges

terça-feira, 11 de agosto de 2009

A Arte interessa??

Texto do jornalista Maicon Tenfen – Jornal de Santa Catarina
Na semana passada muita gente não entendeu porque fiquei tão “indignado” com a ausência do Festival Universitário de Teatro de Blumenau em 2009. Acho que a dúvida é válida, embora assinale um galopante descaso pela vida cultural da cidade, e acho que explicações de minha parte também são válidas para refletirmos sobre os possíveis significados da arte num contexto social.
Vamos formular o problema com uma pergunda objetiva: por que o cancelamento do festival de teatro deste ano é tão grave na realidade vivida em Blumenau? Poderíamos argumentar a partir de duas esferas distintas. A primeira é a POLÍTICA. O que aconteceria, por exemplo, se alguém tentasse cancelar o Festival de Dança de Joiville????
Até por causa da tradição que trazem em seu rastro, festivais dessa natureza estão firmemente relacionados à representatividade do município frente ao Estado, ao país e ás vezes, ao mundo.
Isto diz respeito tanto à disponibilidade de verbas quanto à importância que recebemos e nos damos enquanto povo. Se um festival artístico de 22 anos é cancelado e poucos abrem a boca para reclamar, então temos um sinal tonitruante de decadência.
Há bairrismo para defender e exaltar quase tudo o que existe na cidade, menos cultura, menos arte, menos imaginação. Esse silêncio do empresariado, das instituições e de boa parte dos intelectuais é uma espécie de suicídio coletivo, o que nos leva à segunda esfera de argumentação, a FILOSOFIA. Muitos pensadores do século 19, com destaque para Arthur Shopenhauer (1788-1860), gestaram uma visão bastante negativa da vida e da sociedade. Segundo eles “viver é sofrer” porque somos escravos do desejo.
Passamos pela vida correndo atrás de objetivos inatingíveis, principalmente de cunho material, e nos frustramos cada vez que nos deparamos com nossa pequenez.
Mesmo quando atingimos uma conquista, a euforia é apenas momentânea. Logo nos vemos na obrigação de atingir sonhos maiores e novamente nos deixamos algemar pelo desejo. Qual a saída desse círculo vicioso de fracassos??? A ARTE. O fazer/e ou a contemplação artística.
Inclusive, Shopenhauer dá a dica textualmente.
Numa cidade materialista e industrial como a nossa cada, recuo em termos de cultura esvazia as nossas vidas de significado. Não pensem que exagero. Menos cultura não acarreta apenas mais burrice, mas também mais tristeza, mas angústia, mais fluoxetina, talvez mais suicídios...

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