quarta-feira, 6 de abril de 2011

Produção Cultural é assunto para "profissionais"!

Você público: já foi a um show com infra estrutura precária? Já esperou um evento começar por horas? Ou mesmo, já foi em algum show que não entregou o que prometeu? E Você artista? Já foi contratado para um evento que não te ofereceu a infra estrutura necessária e acordada? Já foi envolvido em atrasos que não estavam programados? Já deixou de receber teu cachê?

Se você esteve em qualquer um dos lados certamente você foi vitima de um produtor amador que definitivamente não sabe o que é produzir um evento cultural.

É muito comum ouvirmos perguntas como “o que é um produtor cultural e o que ele faz” visto que este é um fazer que se constituiu como profissão recentemente. No Brasil, foi somente na década de 60 que a palavra produção no contexto da cultura começou a tomar corpo e criar forma. A profissionalização do produtor até então dava-se pela prática, principalmente no Brasil, pois o aparecimento de cursos específicos data da década de 80, necessidade que surgiu junto com a criação das leis de incentivo.
“Varias foram as gerações de empreendedores culturais que se formaram intuitivamente, apreendendo com erros e acertos. Até bem pouco tempo, a prática era a única via de aprendizado para aqueles que pretendiam abraçar a profissão. O conhecimento acumulado era transmitido aos iniciantes no calor da realização dos projetos, o que equivale a qualquer coisa como aprender a pilotar com o avião em pleno vôo.”
O trecho acima é do livro “ O Avesso da Cena, Notas sobre Produção e Gestão Cultural” do administrador cultural Rômulo Avelar, suas palavras traduzem bem o atual cenário da industria cultural: uma latente reflexão sobre o processo formativo do profissional de cultura.
Como ainda não é uma profissão regularizada, a falta de formação e experiência acaba abrindo precedente pra que qualquer figura se intitule produtor ou gestor cultural, alguns motivados pela necessidade, outros pela falta opção, e outros pela ilusão de que existe glamour. Garanto a vocês, ser produtor é muito mais transpiração do que inspiração.

Independentemente do tipo de produtor cultural, seja ele teatral, cinematográfico, musical ou alguém que organiza um evento de outro caráter, parte-se da premissa de que esta figura é fundamental e indispensável na realização e manutenção de um projeto ou idéia.
 Richard James Burgess, produtor musical americano com larga experiência em produzir bandas como os Beatles e U2, afirma que a principal característica do produtor é a sua iniciativa, além de sua capacidade de elaborar alternativas e de seu planejamento.
Por falar em inovar, o Consultor Waldez Ludwig diz que nós vivemos numa economia baseada em conhecimento e que o único fator de competitividade que importa no mercado é a capacidade de inovar.
O produtor cultural trabalha em uma área muito ampla. Ele assume a interface entre a criação artística e a disseminação do bem artístico cultural. Precisa estar apto para lidar com planejamento, produção, organização, divulgação, pesquisa, promoção, registro dos trabalhos executados, controle de receitas e custos operacionais, captação de verbas, formatação de projetos e parcerias com iniciativas públicas e privadas. É também aquele que defende os interesses de quem produz a atividade cultural, podendo ser o artista, entidade cultural ou uma empresa.
Independentemente do nome atribuído a esta função, seja ela produtores, agentes, empresários culturais, todos eles buscam o mesmo fim, uns por necessidade e outros por vocação. Mas ao menos deve haver características comuns a todos, tais como liderança, persistência, criatividade e ética, além da necessidade de estar sempre informado, atualizado e principalmente ter respeito pela produção artística.  Este profissional deverá também estar apto a incorporar ao seu trabalho uma reflexão crítica acerca da produção da cultura no país, estimulando e contribuindo para a promoção de novos espaços e potencialidades criativas e expressivas no cenário cultural brasileiro.
Sua atuação responsável e comprometida, aliada a políticas culturais públicas consistentes e programas de financiamento acessíveis, pode se tornar um caminho promissor para o fomento à produção e criação artística, assim como na construção de uma sociedade mais justa no que diz respeito à distribuição e democratização do acesso ao bem cultural.

O mercado exige cada vez mais a profissionalização dos produtores. Seja por formação ou por responsabilidades. Mas é fato que amadores finalmente estão perdendo seu espaço!

Por Paula Borges e Heitor Lins
Colaboração: Ligia Gastaldi

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