terça-feira, 10 de maio de 2011

Entrevistando Ana Carla Fonseca Reis


 A breve entrevista foi realizada para uma atividade do curso de Pós Graduação em Gestão Cultural EAD SENAC.

Ana Carla Fonseca Reis é Administradora Pública pela FGV/SP e Economista pela USP, onde se diplomou também Mestre em Administração. Cursou MBA pela Fundação Dom Cabral e trabalhou por quinze anos liderando projetos regionais e globais em marketing e comunicações de multinacionais, baseada na América Latina, em Londres e Milão. Conferencista internacional em marketing cultural, economia da cultura, economia criativa e cultura & desenvolvimento, é co-autora de Teorias de Gestão – de Taylor a nossos dias (Thomson, 1997) e autora do celebrado Marketing Cultural e Financiamento da Cultura (Thomson, 2002) e de Economia da Cultura e Desenvolvimento Sustentável – o Caleidoscópio da cultura (Manole, 2006), primeira obra brasileira sobre o tema e que traz uma abordagem de desenvolvimento à economia da cultura. Este livro foi agraciado com o Prêmio Jabuti 2007. Ana Carla é Diretora voluntária de Economia da Cultura do Instituto Pensarte, articulista do boletim eletrônico “Cultura e Mercado”, Consultora Especial da ONU em Economia Criativa (UNCTAD e SSC-SU/PNUD), coordenadora do curso de Gestão de Produtos e Políticas Culturais da Faculdade São Luís, professora da Fundação Getulio Vargas/SP, da Universidade Candido Mendes/RJ e da Unisinos/RS, membro do painel curador da conferência Creative Clusters do Reino Unido e curadora de diversos seminários internacionais no Brasil.
No início desta semana defendeu seu Doutorado em Arquitetura e Urbanismo, desenvolvendo uma tese pioneira sobre “Cidades Criativas”.


1) Quais os caminhos que te levaram a trabalhar com Políticas Culturais?
Ana Carla: Em termos de formação, sempre fiz todos os cursos ligados a arte e cultura, em paralelo a meus estudos em economia e administração e à minha atuação como gestora de multinacionais. O fato de ter viajado muito e morado alguns anos fora também contribuiu para que eu começasse a escrever a respeito. Esse caminho sinuoso desembocou na percepção de que um olhar complementar unindo economia e cultura seria fundamental para entender as políticas culturais como eixo de uma política de desenvolvimento. 


2) Qual a importância da profissionalização de figuras como produtor e gestor cultural?
Ana Carla: Fundamental para que a cultura seja entendida como setor econômico ativo e não como sorvedouro de recursos (em outras palavras, para que seja entendida como investimento, não como despesa).


3) Ana, vc acabou de defender tua tese de doutorado, pioneira no tema de cidades criativas, gostaria de saber de que maneira tu achas que cidades podem transformar a cultura em algo economicamente sustentável?
Ana Carla: Em um mundo crescentemente globalizado, com fluxos crescentes de turistas e no qual os serviços e produtos são cada vez mais padronizados, a cultura é reconhecida por dar às cidades o seu diferencial. Em suma, cultura é o que faz a cidade ser diferente das outras. Ela contribui, além disso, com impacto econômico e com a formação de um ambiente mais criativo, de integração e é um fator de mobilidade no espaço urbano.


4) A gestão de Ana de Hollanda como ministra da cultura tem sido foco de várias polêmicas desde que ela assumiu o mandato. Como você analisa esta situação?
Ana Carla: Acho que uma primeira grande consecução foi a criação de uma Secretaria de Economia Criativa, pioneira no Brasil. E entendo que não estejam dando à Ministra tempo suficiente para que mostre o que é capaz de fazer. 


5) Qual a tua visão sobre as políticas culturais no Brasil? E sobre o Mercado Cultural?
Ana Carla: Acho que o mercado cultural tem encontrado caminhos próprios e alternativos, na ausência de políticas que o fomentem. Temos carências enormes de uma política cultural mais abrangente e integrada, que contemple com o devido cuidado a criação, a produção, a circulação e o consumo ou usufruto da cultura. Sendo uma otimista incurável, entendo que esse quadro esteja em evolução - mas há muito caminho a percorrer.

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