segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Além da produção, o acesso

CULTURA


Além da produção, o acesso

Acontece hoje, às 19h, no plenarinho da Assembleia Legislativa, em Florianópolis, um debate em torno de dois projetos de leis federais de incentivo à cultura e à fomentação de produção do setor.



O primeiro projeto a ser discutido é a criação do Vale-cultura. Este faz parte da reforma proposta pela Lei Rouanet, e visa dar aos trabalhadores acesso a diversos produtos culturais, como livros, DVDs, CDs. Além de facilitar o acesso a shows, museus, teatros e cinemas.



O outro plano a ser debatido na noite de hoje é o Projeto de Lei Complementar 468/09, que muda a forma de tributação dos produtores culturais no Supersimples. O objetivo é reduzir os impostos pagos pelas empresas que produzem eventos culturais e artísticos.



Para o Coordenador do Fórum Cultural de Florianópolis, Murilo Silva, o Vale-cultura é a chance do setor ter a primeira política pública voltada ao consumo, ao invés da produção cultural.



– Em Florianópolis, por exemplo, o vale-cultura significará a ocupação de muitas poltronas vazias em espetáculos e salas de cinema – afirma Murilo Silva.



O debate será promovido pela Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Alesc e pelos deputados Padre Pedro Baldissera e Pedro Uczai.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

2ª Conferência Municipal de Cultura

O prefeito Dário Berger assinou o decreto de convocação para a 2ª Conferência Municipal de Cultura e constituiu a comissão organizadora do evento, que será presidida por Dennis Radünz, Coordenador de Patrimônio da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes (FCFFC). Marcada para os dias 2 e 3 de outubro, a conferência local vai discutir e elaborar propostas de políticas públicas para a valorização, fortalecimento e democratização da cultura em âmbito municipal, estadual e federal. A abertura do evento será no dia 2 de outubro, no Teatro Álvaro de Carvalho, às 19h.




Com o tema “Cultura, Diversidade, Cidadania e Desenvolvimento”, o encontro municipal deve reunir gestores, artistas, pensadores, ativistas culturais, produtores, empresários, e sociedade civil como um todo. As palestras e a plenária serão realizadas no dia 3 de outubro, no Centro de Eventos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), das 8h às 20h.



Cinco eixos temáticos devem nortear os debates, conforme diretrizes sugeridas pelo Ministério da Cultura: Produção Simbólica e Diversidade Cultural; Cultura, Cidade e Cidadania; Cultura e Desenvolvimento Sustentável; Gestão e Institucionalidade da Cultura; e Cultura e Economia Criativa. As propostas aprovadas no encontro municipal serão encaminhadas ao evento estadual, marcado para o dia 25 de novembro, em Florianópolis. Já a Conferência Nacional de Cultura será realizada de 11 a 14 de março de 2010.



Mobilização



Para divulgar as informações sobre a 2ª Conferência Municipal de Cultura e mobilizar o setor em Florianópolis, a Fundação Franklin Cascaes criou um blog (http://conferenciamunicipaldecultura.blogspot.com). As unidades da FCFFC estão disponíveis para sediar reuniões setoriais da classe artística e cultural, que se mobiliza para o evento. Informações podem ser obtidas pelos telefones 3333-1322 e 3324-1415.



Durante a conferência local serão escolhidos os delegados para representar Florianópolis na etapa estadual. Se mobilizar mais de 500 participantes, o município poderá eleger 25 representantes. Além disso, no evento serão eleitos os 15 membros da sociedade civil que irão compor o Conselho Municipal de Política Cultural (CMPC), conforme estabelece o substitutivo global ao projeto de lei 13.063/2008, aprovado pela Câmara de Vereadores, por unanimidade, no início do mês.



Resultado de um acordo entre o legislativo, Fundação Franklin Cascaes e Fórum Cultural de Florianópolis, a matéria alterou os dispositivos da Lei 2.639, de 1987, que criou o Conselho Municipal de Cultura, mas que nunca foi constituído. Pela nova proposta, o CMPC será um órgão deliberativo, consultivo e normativo de assessoramento ao poder executivo, com 30 membros. Quinze serão designados pelo prefeito e os demais, representando a sociedade civil, serão eleitos na Conferência Municipal de Cultura.



O Superintendente da Fundação Franklin Cascaes, Rodolfo Joaquim Pinto da Luz, afirma que o poder público está empenhado não só na realização de uma conferência democrática e participativa, como também na efetiva implantação do conselho. “Esse é um momento muito especial, pois vamos tornar realidade um anseio da classe artística e cultural, resolvendo uma situação que se arrastava há 22 anos”, destaca.



O gestor da FCFFC defende ainda a criação do Fundo Municipal de Cultura e a elaboração do Plano Municipal para a área cultural. “Com esse arcabouço, teremos uma política de Estado para a cultura, ultrapassando as questões de governo. Isso colocará Florianópolis em sintonia com as diretrizes do Sistema Nacional de Cultura”, conclui Rodolfo Pinto da Luz.



Informações sobre a 2ª Conferência Municipal de Cultura



http://conferenciamunicipaldecultura.blogspot.com/



Casa da Memória – (48) 3333-1322



FCFFC / Forte Santa Bárbara – (48) 3324-1415

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Quem paga a conta da meia-entrada?

Texto de Leonardo Brant para o Blog Cultura&mercado. Foi públicado em Nov. de 2008 mas ainda vale e muito uma reflexão.
É claro que a meia-entrada para estudantes é uma conquista importante para o país e deve ser mantida. Sabemos, no entanto, que a emissão saiu do controle e que isso afetou o bolso de exibidores e donos de casas de espetáculo que, junto com produtores e artistas, pagam a conta que é de toda a sociedade. Ou repassam um aumento descabido de ingresso para o cidadão que, por ética, se recusa a fazer uma carteira na esquina. Ética que talvez falte ao governo, que mais uma vez se omite, dizendo que o problema não é de sua alçada.
A Comissão de Educação, presidida por Cristovam Buarque (PDT-DF), abrirá nesta terça, 25/11, votação do projeto que regulamenta a meia-entrada. Proposto pelos senadores Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e Flávio Arns (PT-PR), o projeto de lei 188/07 contém itens polêmicos: o principal deles determina a limitação do benefício a 40% das entradas vendidas para shows, peças, filmes, exposições, eventos esportivos e culturais.
Do lado da produção cultural, a reivindicação é por falta de contrapartida do Estado, que concede o benefício mas não compensa o ônus dos empresários do setor cultural; e por fiscalização, pois permite a emissão desenfreada de carteirinhas falsas. O movimento estudantil, por outro lado, briga para manter o benefício, mas admite a necessidade de regulação.
Ambos estão corretos. A regulação e o financiamento da meia-entrada é questão de Estado. O Ministério da Cultura, na semana passada, posicionou-se a favor dessa regulação, mas lavou suas mãos. O Minisro Juca Ferreira disse que o problema não é de sua alçada e jogou a responsabilidade nas costas do legislativo.
Quem você acha que deve pagar a conta da meia-entrada? Como deve ser regulada, por meio de restrição de acesso ou controle de emissão? De quem é a alçada dessa questão?

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

... Sobre o Clube da Luta

Analisando brevemente a historia da arte, a música sempre ficou atrás dos movimentos artísticos como a literatura, a arquitetura e as artes plásticas. Por mais presente que fosse, sua importância não era reconhecida com o mesmo vigor e freqüência dos outros movimentos. Ainda assim, são inúmeras as influências culturais e sociais que a música exerce e sofre ao longo de seu desenvolvimento.
Fazendo uma pequena analogia entre os movimentos artísticos e a evolução da música ao longo dos tempos, nos deparamos com um movimento temporal, datado do ano de 2006 na região de Florianópolis, SC: Analisando este período, percebemos que não ha outros registros artísticos tão significativos quanto o Clube da Luta: uma cooperativa de bandas com músicas próprias. Percebe-se, portanto uma quebra na regra do legado histórico, e pela primeira vez a música toma as rédeas e assume papel prioritário na difusão da arte, na formação de novos públicos.
O que por hora é um movimento, mais tarde tornara-se um fato, um fato histórico, e com o passar dos anos, um clássico.
“Clássico”, na literatura, na arte, na música é uma obra de tal conteúdo de verdade e beleza, de tal atração universal, que pessoas de idades diferentes e diferentes países continuarão a ter vontade de ver, ler ou ouvir, repetidamente, descobrindo nelas, muitas vezes, novas belezas e belezas novas.

Dizem que a música é uma linguagem universal, não precisa de tradução: fala diretamente ao coração e ao espírito através das barreiras de raça ou língua. Ninguém pode falar sobre a música nem a metade do que ela mesma pode falar por si.
Entretanto a música nem sempre fala pelo seu compositor. Mas de um modo geral, ela reflete seu caráter, seu temperamento, o clima predominante de sua alma, ela deixa por dizer necessariamente, muita coisa que poderá ser interessante ou mesmo importante.
A música destes homens foi escrita para ser apreciada. E só há um meio de apreciar esta arte: ouvi-la. A música verdadeiramente grande não é demasiado profunda, complicada ou elevada para ser compreendida por qualquer pessoa dotada de sentimento artístico.
Os maiores prazeres deste mundo nunca irão ao encontro do coração passivo. Nenhum continente desconhecido jamais veio por si mesmo ao encontro do homem: eles só deram seus tesouros àqueles que foram procura-los. Os autores destas músicas deram tudo: o ouvinte também deve dar!!
P. Borges

terça-feira, 11 de agosto de 2009

A Arte interessa??

Texto do jornalista Maicon Tenfen – Jornal de Santa Catarina
Na semana passada muita gente não entendeu porque fiquei tão “indignado” com a ausência do Festival Universitário de Teatro de Blumenau em 2009. Acho que a dúvida é válida, embora assinale um galopante descaso pela vida cultural da cidade, e acho que explicações de minha parte também são válidas para refletirmos sobre os possíveis significados da arte num contexto social.
Vamos formular o problema com uma pergunda objetiva: por que o cancelamento do festival de teatro deste ano é tão grave na realidade vivida em Blumenau? Poderíamos argumentar a partir de duas esferas distintas. A primeira é a POLÍTICA. O que aconteceria, por exemplo, se alguém tentasse cancelar o Festival de Dança de Joiville????
Até por causa da tradição que trazem em seu rastro, festivais dessa natureza estão firmemente relacionados à representatividade do município frente ao Estado, ao país e ás vezes, ao mundo.
Isto diz respeito tanto à disponibilidade de verbas quanto à importância que recebemos e nos damos enquanto povo. Se um festival artístico de 22 anos é cancelado e poucos abrem a boca para reclamar, então temos um sinal tonitruante de decadência.
Há bairrismo para defender e exaltar quase tudo o que existe na cidade, menos cultura, menos arte, menos imaginação. Esse silêncio do empresariado, das instituições e de boa parte dos intelectuais é uma espécie de suicídio coletivo, o que nos leva à segunda esfera de argumentação, a FILOSOFIA. Muitos pensadores do século 19, com destaque para Arthur Shopenhauer (1788-1860), gestaram uma visão bastante negativa da vida e da sociedade. Segundo eles “viver é sofrer” porque somos escravos do desejo.
Passamos pela vida correndo atrás de objetivos inatingíveis, principalmente de cunho material, e nos frustramos cada vez que nos deparamos com nossa pequenez.
Mesmo quando atingimos uma conquista, a euforia é apenas momentânea. Logo nos vemos na obrigação de atingir sonhos maiores e novamente nos deixamos algemar pelo desejo. Qual a saída desse círculo vicioso de fracassos??? A ARTE. O fazer/e ou a contemplação artística.
Inclusive, Shopenhauer dá a dica textualmente.
Numa cidade materialista e industrial como a nossa cada, recuo em termos de cultura esvazia as nossas vidas de significado. Não pensem que exagero. Menos cultura não acarreta apenas mais burrice, mas também mais tristeza, mas angústia, mais fluoxetina, talvez mais suicídios...

Santa.com.br
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quarta-feira, 29 de julho de 2009

Não Me Leve a Mal - Aerocirco

A banda Aerocirco lançou no último dia 26 de julho, na Célula Cultural, em Florianópolis, o Clipe "Não me Leve a Mal". Confira um teaser do clipe no link: http://www.youtube.com/watch?v=nvOnATvUe2M.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Grande Expectativa

Grande expectativa

Agentes culturais catarinenses opinam sobre a Lei que será votada em junho e deve vir a substituir a atual Rouanet

A lei que substituirá a Rouanet, com seu encaminhamento para votação no Congresso marcado para junho, é vista por artistas e produtores catarinenses como uma alternativa positiva para a captação de recursos. Mas ainda existem proposições que geram polêmica a respeito da regra recém-criada.Descentralizar o dinheiro destinado à produção cultural é o principal objetivo da legislação que será votada no mês que vem. Enquanto atualmente os estados brasileiros do Sudeste captam 79% dos recursos, o Sul fica com 11%. Para Santa Catarina é destinado 1% dessa parcela.O secretário do Ministério da Cultura (Minc), Roberto Gomes Nascimento, admite que, da forma como está a Lei, em vigor há 18 anos, não é possível incentivar a produção cultural no país de maneira satisfatória. Apenas 3% dos proponentes de projetos captam a metade dos recursos provenientes da renúncia fiscal, que equivale a R$ 500 milhões.A intenção da nova lei é ampliar o Fundo Nacional de Cultura, hoje responsável por 20% dos recursos destinados à produção cultural, contra 80% da renúncia fiscal de empresas. A ideia é transformar o órgão no principal agente patrocinador de projetos.– Isso poderá beneficiar os pequenos produtores, principalmente os que estão fora do Rio de Janeiro e de São Paulo, porque as empresas que patrocinam querem marketing rápido em contrapartida, desejam ter suas marcas associadas a peças de atores famosos, por exemplo – avalia o diretor da Companhia de Teatro Experiência Subterrânea, André Carreira.Sociedade deverá fiscalizar decisões do comitê gestorPara André Carreira, a manutenção do regime de renúncia fiscal, mesmo que em menor escala, é um ponto negativo entre as novidades da lei. André defende que toda a captação seja feita diretamente para um fundo, com gerenciamento através de comissões paritárias, formadas por representantes do governo e de setores representativos da sociedade civil, de forma que os recursos sejam distribuídos por meio de editais periódicos.Já a produtora Eveline Orth diz estar preocupada com um possível “dirigismo político” na análise dos projetos. Ela teme que as decisões do comitê gestor não sejam tão técnicas e objetivas quanto considera as de hoje.Mas isso, conforme o secretário do Minc, Roberto Gomes Nascimento, deverá ser fiscalizado pela própria sociedade, assim como o uso do dinheiro de repasse federal. A reformulação da Rouanet prevê, em seu artigo 15, que só será feita a transferência de recursos da União para cidades que tenham conselho e fundo municipais constituídos.– Penso que a alteração da Lei trará benefícios para o setor de um modo geral. O que chama a atenção, no entanto, é o fato de que projetos patrocinados com 100% de renúncia fiscal não serão mais exclusivos de determinadas linguagens – ressalta a representante de Santa Catarina no colegiado setorial de dança do Minc, Marta Cesar.Até a criação da nova lei, dois artigos da Rouanet, o 18 e o 26, dividiam os projetos. Enquanto uns tinham o financiamento chancelado por 100% de renúncia fiscal, outros só tinham 30% dessa renúncia, sendo prejudicados por isso.Na opinião da produtora Luíza Lins, o projeto de lei em discussão é uma forma de democratizar a distribuição de recursos. Ela considera uma tentativa de contemplar a vontade do público em vez das empresas:– Estava na hora de mudar. A cultura brasileira precisa ser mais valorizada e fazer isso é o papel do Ministério da Cultura.A Petrobras é hoje a empresa com o maior edital de patrocínio do mundo. Neste ano, vai disponibilizar R$ 80 milhões para projetos culturais. As estatais são responsáveis por 30% dos patrocínios no país.

Fonte: Diário Catarinense (25/05/09)

domingo, 12 de abril de 2009

Para antecipar um pouco a pauta da Palestra que realizará com o escritor Romulo Avelar, a Harmônica foi conversar com o profissional. Confira alguns trechos da entrevista e veja como você não pode perder esta palestra.

1- O que levou você a escrever o livro "O Avesso da Cena"?

RA-Eu estudei na primeira escola de produção cultural criada no país, em 1990, pelas Faculdades Cândido Mendes (atual Universidade Cândido Mendes) e pela Fundição Progresso, no Rio de Janeiro. Naquela época, já era evidente a carência de registros de experiências nesse campo. Desde então, muitos foram os títulos publicados sobre temas como política cultural, economia da cultura, leis de incentivo, marketing e patrocínio cultural. Entretanto, foram poucas as publicações sobre as práticas da produção e da gestão cultural. Daí o impulso de registrar minhas pesquisas e experiências profissionais. Busquei colocar no papel um conhecimento presente na cabeça de produtores e gestores culturais, mas sobre o qual ainda havia pouco ordenamento.
Tive como meta proporcionar aos alunos dos inúmeros cursos da área que vão surgindo pelo Brasil alguma familiaridade com o contexto da cultura, numa perspectiva diferenciada daquela que tem o espectador comum. No livro, falo sobre o avesso da cena, no intuito de oferecer aos leigos os pontos de vista daqueles que concebem e realizam projetos culturais.


2- A profissão do gestor cultural ainda não é consolidada no mercado brasileiro. Em sua opinião, quais as dificuldades mais enfrentadas para que o setor amadureça e seja reconhecido?

RA-Penso que o reconhecimento da profissão de gestor cultural depende fundamentalmente de dois grandes esforços. O primeiro diz respeito à própria formação daqueles que se lançam nesse campo. Percebo que sua atuação ainda se dá de forma bastante intuitiva.

No livro “O Avesso da Cena”, apresento uma listagem de cursos existentes na área em alguns estados brasileiros. A cada dia, cresce o número de cursos livres, de graduação e de pós-graduação voltados para a formação e o aperfeiçoamento de produtores e gestores. Entretanto, esse movimento ainda é tímido, se levarmos em conta as dimensões continentais do país. A questão da formação desses profissionais, cada vez mais imprescindíveis para a gestão de grupos, entidades e projetos culturais, precisa se tornar política pública no Brasil, nas esferas federal, estadual e municipal.

Outro fator limitador para a afirmação da profissão é a desarticulação existente no setor cultural. Embora nos últimos tempos tenhamos registrado a criação de diversas entidades representativas de produtores e gestores, bem como de redes e sites especializados, ainda persiste certa desmobilização na área. Muito há que se avançar no sentido da aproximação dos profissionais e da discussão de agendas comuns, visando a uma atuação política responsável junto ao Poder Público e à sociedade.


3 - Na sua opinião, qual a perspectiva para o setor de cultura no Brasil?

RA-O setor cultural brasileiro encontra-se em processo de franca expansão. Nos últimos anos, vivemos um movimento de ampliação da infra-estrutura e de multiplicação das oportunidades no setor. Toda a cadeia produtiva da cultura vem se fortalecendo, com a incorporação de um número expressivo de profissionais, empresas, instituições e fornecedores. A cultura ganha nova dimensão, inclusive do ponto de vista econômico.

As duas últimas décadas foram de grandes transformações no cenário cultural brasileiro. Até meados dos anos 1980, a produção e a gestão em níveis profissionais se concentravam, de forma acentuada, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Os outros estados assistiam a tudo pela mídia ou eram receptores passivos daquilo que circulava pelo país. De lá para cá, entretanto, muita coisa mudou. Em todas as regiões, começaram a florescer iniciativas de valorização dos traços locais e de mobilização das comunidades pela preservação de seus saberes e fazeres. A cultura passou a gerar postos de trabalho num ritmo cada vez mais acelerado.

Agora estamos diante de uma crise financeira mundial e a área cultural vem sofrendo impactos negativos decorrentes do recolhimento das empresas. Infelizmente, o modelo de financiamento à cultura estabelecido no Brasil a coloca numa posição de excessiva dependência dos humores da iniciativa privada.

No entanto, prefiro encarar as atuais turbulências como algo passageiro. O ritmo acentuado de crescimento da produção cultural brasileira na última década me faz crer que, passados os primeiros ventos da crise, retomaremos uma curva ascendente. Penso que esse movimento de expansão é uma tendência irreversível, bem mais forte do que qualquer crise. Vejo um futuro promissor para o setor cultural brasileiro, mesmo que, num próximo momento, possamos experimentar alguma estagnação.


5- Que dicas que estão no livro "O Avesso da Cena" que você daria para os leitores da Harmônica?

Um aspecto central do livro “O Avesso da Cena” é a aplicação às rotinas e à realidade dos grupos, empresas e instituições culturais de conceitos e técnicas de outras disciplinas, como a administração, a comunicação, o marketing e o direito. Penso que o segmento cultural precisa se apropriar de algumas ferramentas de trabalho usuais nessas áreas, como o planejamento, a logística, a gestão da qualidade e o marketing de relacionamento. É certo que tais ferramentas vêm sendo empregadas com alguma frequência no setor, mas muitas vezes de maneira intuitiva e nem sempre eficaz. O êxito nas ações empreendidas no nosso universo depende, cada vez mais, não apenas da qualidade dos atributos artísticos, técnicos e culturais, mas também da capacidade das equipes de gerir de maneira profissional os recursos humanos, materiais e financeiros envolvidos.

sábado, 11 de abril de 2009

Hârmonica realiza palestra com Romulo Aguiar

A HARMONICA ARTE E ENTRETENIMENTO realizará, em parceria com a Gesto e com o CEART, uma palestra com Romulo Avelar, autor do livro "O AVESSO da CENA", no próximo dia 27 de Abril, às 18h, no Centro de Artes da Udesc.


O público que vê um espetáculo no palco não imagina a infinidade de providências que precisam ser tomadas nos bastidores, antes, durante e depois daquele breve período em que o artista está em cena. Aos olhares leigos, a impressão é de que tudo acontece num passe de mágica, de modo quase espontâneo e sem maiores esforços. Entretanto, essa visão romântica se dissipa instantaneamente quando se mergulha no universo das coxias. Ali, a vida real se faz presente com a mesma intensidade de qualquer outro campo profissional. Uma legião de anônimos trabalha arduamente para que tudo esteja pronto e perfeito no momento da abertura das portas ao público.

O Avesso da Cena coloca em foco o emaranhado técnico, administrativo, financeiro e político que dá suporte à cena cultural brasileira. Um mundo distante das luzes dos refletores, mas cuja compreensão se revela cada vez mais determinante para a profissionalização num setor que se expande em velocidade acelerada.

O livro é destinado àqueles que desejam se familiarizar com o contexto da produção e da gestão cultural e com a dinâmica dos empreendimentos da área. Sua leitura é recomendável aos estudantes dos cursos de produção e gestão cultural, aos artistas e produtores, aos gestores de instituições culturais públicas e privadas e de organizações sem fins lucrativos, bem como aos alunos e profissionais de campos como artes, administração, marketing e comunicação.


Romulo Avelar
Administrador formado pelas Faculdades Promove de Belo Horizonte. Produtor e gestor cultural, responsável pela produção e direção de diversos espetáculos musicais. Estudou na Ecoar, a primeira escola de produção cultural criada no país, em 1990, no Rio de Janeiro. Atuou em empresas como Fiat, MBR e Teatro Alterosa, e na área pública, como superintendente de cultura de Contagem – MG, diretor de promoção da Fundação Clóvis Salgado – Palácio das Artes, de Belo Horizonte, assessor especial da Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais e presidente da Comissão Técnica de Análise de Projetos da Lei Estadual de Incentivo à Cultura. Desde 1998, tem ministrado cursos nas áreas de produção, gestão, planejamento e marketing cultural, em várias cidades brasileiras. Atualmente, trabalha como assessor de planejamento do Grupo Galpão e do Grupo do Beco.

O livro “O Avesso da Cena – notas sobre produção e gestão cultural” foi editado pelo selo Duo Editorial e realizado com recursos do Fundo Municipal de Cultura de Belo Horizonte.



Realização: Harmônica Arte e Entretenimento
Apoio: GESTO – Associação dos produtores teatrais de Florianópolis e Centro de Artes da Udesc.

Informações: 48 32093818

terça-feira, 24 de março de 2009

Lei Rouanet

Novidades estão por vir no cenário cultural brasileiro. Isso porque inicia-se uma série de debates públicos para aprovação das alterações na Lei Rouanet (aquela que deduz impostos dos empresários que investem em cultura).

Propostas pelo ministro da Cultura, Juca Ferreira, as alterações visam beneficiar uma parcela maior de brasileiros que não tem acesso à bens culturais, “Já discutimos as mudanças com mais de 30 mil pessoas em todo o país”, ressalta Ferreira.

Se aprovada, a nova lei estimulará a criação de um conjunto de ações que estimularão às atividades culturais, mantendo a renúncia fiscal como um instrumento secundário e complementar. Com a nova proposta, os índices de dedução de imposto terão valores variados como 30, 60, 70, 80, 90 e 100% de renúncia.

A reformulação prevê também mais fontes de recurso além da renúncia fiscal: o Tesouro Nacional, a criação de um percentual nas extrações lotéricas federais, a criação da loteria federal da cultura, as contribuições das cadeias setoriais e audiovisual, de livro e leitura e de patrimônio.

As mudanças prevêem ainda a reestruturação do Fundo Nacional da Cultura que será o principal mecanismo de estímulo, incorporando os fundos setoriais. Além do Fundo de Audiovisual, já existente, serão criados o das Artes (teatro, circo, dança, artes visuais e música), o do Livro e Leitura, o da Cidadania, Identidade e Diversidade Cultural e o da Memória e Patrimônio Cultural Brasileiro.

Quer opiniar sobre a reforma na Lei Rouanet? Então não perca essa oportunidade e acesse: www.cultura.gov.br/reformadaleirouanet.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Entrevista Francisco Socorro - Membro do Conselho Estadual de Cultura

No último dia 06 de Março, foram empossados os novos integrantes do Conselho Estadual de Cultura, órgão vinculado à Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte. Formado por 21 membros, o CEC tem a função de discutir, deliberar e propor ao secretário de Estado de Turismo, Cultura e Esporte, as diretrizes da política de desenvolvimento da cultura do Estado.

A Hamônica Arte e Entretenimento foi conversar com alguns dos novos integrantes para conhecer um pouco mais do trabalho de cada integrante do Conselho Estadual de Cultura. Acompanhe agora a entrevista com Francisco Socorro, representante da área de música.

1-Qual a importância do Comitê para o desenvolvimento da Cultura Catarinense?
FS- O CEC está vinculado à Secretaria do Turismo, Cultura e Esporte e é o órgão consultivo e fiscalizador das atividades culturais do Estado de Santa Catarina. Seu objetivo é discutir, deliberar e propor as diretrizes da política de desenvolvimento da Cultura em nosso Estado e deliberar sobre projetos culturais que deverão receber investimentos públicos através do FUNCULTURAL.


2- Como você avalia a cena musical catarinense nos dias atuais?
FS- Essa avaliação deve começar pela constatação de que entre todas as diversas manifestações artísticas, històricamente, a Câmara de Música do CEC recebe todos os anos, cerca de um terço do total de projetos culturais encaminhados ao conselho. Assim, Santa Catarina pode ser descrita também como um Estado verdadeiramente musical. Acrescente-se que esse fenômeno tem as suas raízes fincadas na própria colonização européia. Os imigrantes alemães, italianos e poloneses traziam para cá as suas tradições musicais.
Acreditamos que a atividade musical em 2009 em Santa Catarina continuará a ser criativa e intensa.
Cabe destacar que está em curso a realização de um concurso, baseado em edital, lançado em outubro de 2009, que vai selecionar e contemplar os 20 melhores projetos de CDs e os 20 melhores projetos de DVDs de músicos catarinenses. Consequentemente, os frutos desse concurso deverão estar disponíveis no segundo semestre de 2009. Com essa iniciativa, o CEC está estimulando principalmente os novos talentos da área de música.


3- Na sua opinião, quais são as principais medidas/investimentos que devem ser feitos para que o estado torne-se referência no setor cultural?
FS-
Creio que os investimentos globais da Cultura devem ser dirigidos prioritariamente para a revitalização, reforma dos espaços culturais de Santa Catarina, muitos deles muito deteriorados. Um exemplo emblemático é a imperiosa reforma do CIC de Florianópolis que deverá estar concluída em dezembro de 2009.
Acredito também que os chamados ícones da área musical de Santa Catarina precisam receber investimentos e continuar o seu trabalho. E, obviamente, continuar a estimular novos talentos através de concurso baseado em edital.


4- Quais as suas propostas para a música catarinense?
FS- A minha proposta consiste, na verdade, num desejo: que a nova Legislação do FUNCULTURAL que estimula a Cultura e que prescinde da obrigatoriedade de captação de recursos pelos proponentes para os projetos culturais seja bem sucedida. Se isso acontecer, esse será um verdadeiro marco na história da Cultura em nosso Estado.


5- Quais as pautas para a primeira reunião, no próximo dia 13?
FS
- A pauta da primeira reunião do CEC em 2009, a ser realizada no próximo dia 13 de março está centrada em dois pontos: entrega aos Conselheiros do novo Regimento do CEC e composição das várias câmaras do conselho: patrimônio histórico e natural, cinema, dança teatro, folclore e artesanato, música, letras e artes plásticas.

terça-feira, 3 de março de 2009

E Afinal, O que é Cultura, arte e entretenimento?

Olá,

Sejam todos bem-vindos ao blog da HARMÔNICA ARTE E ENTRETENIMENTO, espaço onde discussões, críticas e sugestões sobre a cena cultural catarinense serão postados e incentivados.

Que tal iniciarmos essa nossa "discussão" falando sobre definições primárias de elementos do nosso trabalho, e que inclusive está no nosso nome. Afinal, Como você vê cultura? arte? entretenimento?

E vamos mais além, o que falta para Santa Catarina tornar-se destaque na produção e na oferta de cultura, arte e entretenimento? Ou já estamos no caminho certo?

Em breve publicaremos a primeira de uma série de entrevistas que estamos preparando para vocês!!!!!